A dor está cada vez mais presente na vida das pessoas, pois nos últimos anos houve um progresso significativo da sobrevida geral da humanidade, possibilitando um aumento das condições dolorosas também como consequência de traumas e doenças. Em nosso país já temos mais de 50 milhões de pessoas sofrendo com dor crônica, sendo esta uma das maiores prevalências de doença no Brasil e tornando-se uma das sensações mais temidas por grande parte da população.
A International Association for the Study of Pain (IASP) define a dor como uma experiência desagradável que pode estar associada a um dano real ou potencial, o qual pode comprometer a qualidade de vida, então é natural que se tente evitá-la a qualquer custo. A dor pode ser classificada como aguda quando é um sintoma de alerta, sendo bem definida e transitória, e crônica quando persiste além do tempo necessário para a cura da lesão, num processo de longa duração e sem limites definidos.
Segundo Fortes (2007), é importante ressaltar que os efeitos da dor crônica podem com o tempo estabelecer comportamentos que deixam as pessoas impotentes e sem habilidades para controlar o problema. Considerando a dor um fenômeno físico e psicológico, esta pode ser percebida com menor ou maior intensidade pelo individuo devido a uma série de fatores de natureza cognitiva/perceptiva, emocional, comportamental e interpessoal.
A dor crônica, portanto, é mais do que um sintoma, sendo sua presença constante e duração prolongada muito perturbadoras. Pode acarretar alterações nas atividades físicas, no sono, na vida sexual, no humor, na autoestima, gerando pensamentos negativos e apreciação desesperançada da vida, além de problemas nas relações familiares, de trabalho e de lazer.
Assim, o tratamento da dor crônica é multimodal e envolve o uso de medicamentos analgésicos, bloqueios anestésicos, métodos neurocirúrgicos, fisioterapias, acupuntura, relaxamento e psicoterapias, dentre as quais se destaca a Terapia Cognitivo- Comportamental.
A Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento da dor crônica busca auxiliar os pacientes a se tornarem capazes de avaliar o impacto que pensamentos e sentimentos negativos de dor provocam na manutenção de comportamentos inadequados, ajudando-os a lidar com a cronicidade da dor. Assim a TCC para a dor crônica é baseada em duas esferas sucessivas e complementares, onde na primeira é preciso ajudar o paciente a enfrentar a dor e a conscientizá-lo de que é possível obter uma redução de sua intensidade.
Em um segundo momento o terapeuta irá utilizar-se das técnicas cognitivas com o objetivo de rebater as crenças contrárias a sua conscientização de que é capaz de utilizar técnicas de enfrentamento e autogerenciamento (Angelotti, 2007; Castro, 2011). Sendo assim, é necessário incentivar o paciente a reconhecer as interações nas respostas cognitivas, emocionais e comportamentais e encorajá-lo a pôr em prática o que aprende durante o tratamento para que possa lidar com a sua dor, fortalecendo sua crença na própria capacidade de resolução de problemas e aumentando sua auto eficácia.
Nesse âmbito, a TCC tem sido a abordagem mais estudada e demonstrado resultados significativos para mudanças relacionadas a forma como o paciente convive com sua dor e modifica seu comportamento em relação ao estilo de vida.
Larissa Gress de Lima
Psicóloga, Terapeuta Cognitiva IWP
http://www.correiodeuberlandia.com.br/colunas/pontodevista/dor-cronica/
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